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quarta-feira, 2 de maio de 2012

Há mar e mar, há ir e voltar!

Slogan de Alexandre O’Neill (sim, o poeta surrealista). Sempre gostei dessa expressão, sempre gostei do mar; sobretudo da sua força aparentemente incontrolável, porém regido pelas leis das marés, pela vontade da lua, pelo movimento da terra. 
É incontornável (não) falar de marinheiros, para estes há que ir para o mar mesmo com ondas gigantescas, enfrentar monstros marinhos, quebrar cabos das tormentas, aguentar a nau, quem sabe descobrir novos mundos...

Cada partida reúne em si um carácter complexo e fluído, de múltiplas dimensões da experiência individual do marinheiro: uma nova percepção do mar e da terra, exploração de novos horizontes, desenvolvimento de novos dialectos, ligeiros escaldões solares, salitre empedernido na pele…
Depois de ir, há que rumar a bom porto e atracar seguramente no cais, lançando-se as cordas robustas (feitas de nós de Bowlby) ao amarrador, para segurar o navio junto aos cabeços nas bermas de atracção. Não se pense que este trabalho de amarrador é fácil, pois exige mais técnica do que força, há que ter uma postura adequada para evitar os perigos da amarração dos cabos – exige pois engenho e arte…
 A sensação de estar de volta que, em cada marinheiro navega, traz o conforto do retorno, tal figura “mahleriana” (Margaret Mahler) que corre para os braços da progenitora.

Regressa a casa (à base-segura), ao mesmo sítio de sempre, no entanto, o marinheiro chega diferente. E a vontade de ir volta a crescer… há mar e mar, há ir e voltar, para novamente partir e enfrentar novas marés.