Páginas

terça-feira, 17 de julho de 2012

"Não te rendas"

Reli há dias Mário Benedetti (1920-2009), poeta uruguaio que escreveu o brilhante poema “Não te rendas” – título original “No te rindas”.

Destaca-se nestas empáticas frases, tecidas pelo poeta latino-americano, a alusão às intempéries e aos desafios que muitas vezes abalam um dos alicerces das fundações do ser-humano – o  seu amor-próprio, a sua auto-estima.

Aceitar sombras, enterrar medos e libertar o lastro, retomar o voo para continuar a viagem e perseguir os sonhos. Ora aqui está o mote para um verdadeiro (e resiliente) processo psicoterapêutico transcrito em versos; a complexidade descrita através da simplicidade e da beleza das palavras…

Uma excelente mensagem fácil de entender, por vezes difícil de pôr em prática, porque antes de fazer há que querer; mas convém relembrar “ainda há fogo na tua alma, ainda há vida nos teus sonhos” e mais importante de tudo: “a vida é tua e cada dia é um novo começo”. Não te rendas!


No te rindas,
aún estás a tiempo
De alcanzar y comenzar de nuevo,
Aceptar tus sombras,
Enterrar tus miedos,
Liberar el lastre,
Retomar el vuelo.
No te rindas que la vida es eso,
Continuar el viaje,
Perseguir tus sueños,
Destrabar el tiempo,
Correr los escombros,
Y destapar el cielo.
No te rindas, por favor no cedas,
Aunque el frío queme,
Aunque el miedo muerda,
Aunque el sol se esconda,
Y se calle el viento,
Aún hay fuego en tu alma
Aún hay vida en tus sueños.
Porque la vida es tuya y tuyo
también el deseo
Porque lo has querido
y porque te quiero
Porque existe el vino y el amor,
es cierto.
Porque no hay heridas
que no cure el tiempo.
Abrir las puertas,
Quitar los cerrojos,
Abandonar las murallas
que te protegieron,
Vivir la vida y aceptar el reto,
Recuperar la risa,
Ensayar un canto,
Bajar la guardia
y extender las manos
Desplegar las alas
E intentar de nuevo,
Celebrar la vida y retomar los cielos.
No te rindas, por favor no cedas,
Aunque el frío queme,
Aunque el miedo muerda,
Aunque el sol se ponga
y se calle el viento,
Aún hay fuego en tu alma,
Aún hay vida en tus sueños
Porque cada día
es un comienzo nuevo,
Porque esta es la hora
y el mejor momento.
Porque no estás solo,
porque yo te quiero.
Não te rendas,
pois ainda é tempo
De alcançar e começar de novo,
Aceitar as tuas sombras,
Enterrar os teus medos,
Libertar o lastro,
Retomar o voo.
Não te rendas, que a vida é isso,
Continuar a viagem,
Perseguir os teus sonhos,
Destravar o tempo,
Remover os escombros,
E destapar o céu.
Não te rendas, por favor não cedas,
Mesmo que o frio queime,
Mesmo que o medo morda,
Mesmo que o sol se esconda,
E se cale o vento,
Ainda há fogo na tua alma,
Ainda há vida nos teus sonhos.
Porque a vida é tua, e teu
é também o desejo
Porque o quiseste
e porque eu te quero
Porque existe o vinho e o amor,
é certo.
Porque não há feridas
que não cure o tempo.
Abrir as portas,
Tirar os ferrolhos,
Abandonar as muralhas
que te protegeram,
Viver a vida e aceitar o repto,
Recuperar o riso,
Ensaiar um canto,
Baixar a guarda
e estender as mãos
Abrir as asas
E tentar de novo,
Celebrar a vida e retomar os céus.
Não te rendas, por favor, não cedas,
Mesmo que o frio queime,
Mesmo que o medo morda,
Mesmo que o sol se ponha
e se cale o vento,
Ainda há fogo na tua alma,
Ainda há vida nos teus sonhos
Porque cada dia
é um começo novo,
Porque esta é a hora
e o melhor momento.
Porque não estás só,
porque eu te quero.

(Autoria: Mário Benedetti; tradução Inês Pedrosa)