No passado Sábado (24/03/12) estive na ESTSP -
Escola Superior de Tecnologias da Saúde do Porto (a quem agradeço o gentil
contive) a falar sobre a hipnoterapia, no âmbito do Workshop da abordagem
multidisciplinar na terapia dos acufenos. Sem dúvida, que a abordagem multidisciplinar
se tem revelado como uma mais-valia para este sintoma otoneurológico, que se
apresenta, ainda, como um dos maiores desafios para a otorrinolaringologia.
O que são acufenos? São zumbidos, percepção de
som (ou sons) na ausência de uma fonte sonora exterior. Em elevado grau de
severidade é considerada uma das piores condições, afectando directamente a
qualidade de vida (QDV).
Este sintoma pode estar relacionado com mais de 300 afecções,
sendo difícil diagnosticar a(s) causa(s), existindo vários sistemas envolvidos
na indução dos acufenos. Destaco o sistema psicológico, em especial, as
situações clínicas de ansiedade e depressão na amplificação deste sintoma. Sem
entrar em muitos pormenores, segundo o modelo neurofisiológico de Jastreboff, o
zumbido é o resultado da interacção dinâmica de estruturas do sistema nervoso
central, activando o sistema límbico (cérebro emocional),
contribuindo para a amplificação do zumbido.

Ao encontro desta linha de pensamento, sublinho a intervenção do
Prof. René Dauman, responsável pelo Departamento de Audiologia da Universidade
Hospital de Bordéus, ao referir a importância do sentido e do significado que
os pacientes com acufenos atribuem à sua condição. Foi incontornável não se
falar de Viktor Frankl pai da logoterapia, uma das personagens mais resilientes
e que mais contribuíram para o conceito psicológico de resiliência, fulcral na
psicologia positiva. Mais do que abordar a condição que é desenvolvida pelos
acufenos, é importante trabalhar todos os sistemas que o rodeiam. Não
esqueçamos que no conceito de resiliência encontramos a interacção dinâmica de
3 importantes factores: o pessoal (força interna, eu sou e estou); as crenças e
conhecimentos (eu posso, eu sei) e o suporte social (eu tenho).
Na questão dos acufenos, como noutras, do foro clínico ou não, a
resiliência estimula o desenvolvimento de empoderadores recursos pessoais,
promovendo a contínua melhoria da qualidade de vida (QDV).
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