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segunda-feira, 26 de março de 2012

A hipnoterapia nos acufenos. Rescaldo de um Workshop multidisciplinar…

No passado Sábado (24/03/12) estive na ESTSP - Escola Superior de Tecnologias da Saúde do Porto (a quem agradeço o gentil contive) a falar sobre a hipnoterapia, no âmbito do Workshop da abordagem multidisciplinar na terapia dos acufenos. Sem dúvida, que a abordagem multidisciplinar se tem revelado como uma mais-valia para este sintoma otoneurológico, que se apresenta, ainda, como um dos maiores desafios para a otorrinolaringologia.

O que são acufenos? São zumbidos, percepção de som (ou sons) na ausência de uma fonte sonora exterior. Em elevado grau de severidade é considerada uma das piores condições, afectando directamente a qualidade de vida (QDV).

Este sintoma pode estar relacionado com mais de 300 afecções, sendo difícil diagnosticar a(s) causa(s), existindo vários sistemas envolvidos na indução dos acufenos. Destaco o sistema psicológico, em especial, as situações clínicas de ansiedade e depressão na amplificação deste sintoma. Sem entrar em muitos pormenores, segundo o modelo neurofisiológico de Jastreboff, o zumbido é o resultado da interacção dinâmica de estruturas do sistema nervoso central, activando o sistema límbico (cérebro emocional), contribuindo para a amplificação do zumbido.


 A (hipno)psicoterapia tem-se revelado como uma proposta eficaz. Realço, o sucesso que a Hipnose Ericksoniana tem tido ao nível da diminuição do impacto dos zumbidos, melhorando a percepção geral da qualidade de vida (QDV). Esta abordagem da hipnose, mais permissiva, centrada na especificidade do cliente, de acordo com o seu sistema representacional, promove a activação dos recursos pessoais, adaptando a terapia ao sistema simbólico de cada pessoa. Assim, o cliente é profundamente envolvido, sendo que se pode trabalhar o auto-conceito, a percepção e o significado que este atribui ao sintoma.

Ao encontro desta linha de pensamento, sublinho a intervenção do Prof. René Dauman, responsável pelo Departamento de Audiologia da Universidade Hospital de Bordéus, ao referir a importância do sentido e do significado que os pacientes com acufenos atribuem à sua condição. Foi incontornável não se falar de Viktor Frankl pai da logoterapia, uma das personagens mais resilientes e que mais contribuíram para o conceito psicológico de resiliência, fulcral na psicologia positiva. Mais do que abordar a condição que é desenvolvida pelos acufenos, é importante trabalhar todos os sistemas que o rodeiam. Não esqueçamos que no conceito de resiliência encontramos a interacção dinâmica de 3 importantes factores: o pessoal (força interna, eu sou e estou); as crenças e conhecimentos (eu posso, eu sei) e o suporte social (eu tenho).

Na questão dos acufenos, como noutras, do foro clínico ou não, a resiliência estimula o desenvolvimento de empoderadores recursos pessoais, promovendo a contínua melhoria da qualidade de vida (QDV).



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