Nocebo já ouviu falar? Lembra-se do efeito placebo? Pense
no seu oposto, apresento-lhe como já alguém disse, o gémeo malvado: o nocebo.
Na
década de 60 do século passado, Walter Kennedy introduziu este conceito como o oposto do efeito placebo, isto é a ocorrência de efeitos colaterais indesejáveis após a
administração de substâncias/drogas inertes e inócuas, ou de qualquer agente que
possa interagir com o organismo nesse sentido.
O agravamento da sintomatologia
e mudança na percepção do estado de saúde é derivado do sistema de crenças, das expectativas, da
(auto)sugestão do indivíduo, que pensa (e sente) que aquilo lhe vai fazer mal.
Importado da medicina e da farmacologia,
esta reacção pode ser reconhecível no campo psicológico, sim essas coisas da
mente…
Conhece aquelas pessoas que,
quando têm de tomar um medicamento, a primeira coisa que fazem é ler os indesejáveis
efeitos secundários? E aqueles a quem disser que estão com má cara, começam a
sentir-se imediatamente doentes? Ah e os que estão sempre prontos a dizer:
“Tens a certeza, se fosse a ti… não digas que não te avisei… já pensaste
nas consequências?!”
Pronto, pronto já chega… Este
texto pretende apenas alertar para a reacção do gémeo malvado que se pode causar nos outros, e sobretudo em nós
mesmos.
Sempre que produz uma expectativa negativa poderá estar a auto-sugestionar-se e boicotar o seu comportamento acarretando esses efeitos colaterais… concedendo ao gémeo malvado maior espaço de manobra. Ponha-o em “time out” e reforce positivamente o comportamento do gémeo bom.
Se nos apercebermos das constantes
mensagens que o nosso diálogo interior nos murmura ao cantinho do cérebro,
podemos operar na sua influência. Eu sei que ele
fala de um modo automático e, por vezes, repetitivo, mas quem lhe dá ouvidos
somos nós… se ele alguma vez lhe
disser: “Já sei como vai ser, corre sempre mal!”. Pode responder-lhe baixinho:
“Ai sim? Isso é o que vamos ver! Para já sinto-me bem… muito bem!”.