Mês de Junho, mês de romarias, santos populares,
festas pelo país inteiro. Sempre que penso em Junho, penso em quadras e rimas
tão evidentes do pensamento popular – Vox
Populi - porque a voz do povo é, por vezes, a voz da razão… Das previsões meteorológicas,
das crendices aos provérbios, o conhecimento
popular não deixa de ser fascinante sobretudo pelos seus alicerces seculares e
até mesmo ancestrais.
Entendida como sabedoria popular, baseada no senso comum
tão presente no conhecimento empírico (John Locke), esta forma de sabedoria tem
como base características culturais e ideológicas idiossincráticas de um povo,
permitindo-lhe criar e promover os seus recursos mais directos.
Muitas vezes olhada de soslaio pelo facto de não
seguir padrões científicos estruturados, curiosamente, esta forma de conhecimento não deixa de
assentar nalguma racionalidade… No fundo, trata-se
de uma forma de conhecimento mais democrática, gratuita, generalizada,
reveladora de tradições locais, transmitida geracionalmente.
Não sou acérrima
defensora de uma única forma de pensamento baseado na ciência, pelo contrário a
existência de (mais) correntes fora da estrutura científica formal, longe dos
paradigmas científicos, apenas servirá para o enriquecimento do conhecimento per si. No entanto, a mesma rigidez
muitas vezes se verifica para quem acha que na sabedoria popular encontrará o “terminus”
do seu conhecimento/pensamento… Como se costuma dizer nem 8 nem 80, pois claro…
Existem várias formas de saber e/ou de
conhecimento, muito genericamente serão de índole (de) senso comum, filosófica,
científica, espiritual e artística, sendo que se imiscuem e por vezes confundem…
Lembra-se da epistemologia? (filosofia da ciência). Assim sendo, nada se perde
tudo se transforma… numa qualquer forma de conhecimento, basta observar, reflectir,
registar, sentir, imaginar, (…) e querer, pois: "Longa viagem começa por um passo" - Provérbio Chinês.